Por Guto Bastos
O filme Curtindo a Vida Adoidado (1986) dispensa apresentações para quem cresceu na década de 80. É um daqueles clássicos absolutos da Sessão da Tarde, exibido tantas vezes na TV Globo que se tornou parte da memória afetiva de toda uma geração. Dirigido por John Hughes, o mestre das comédias adolescentes dos anos 80, o filme é, até hoje, um símbolo da juventude, liberdade e rebeldia com bom humor.
Hughes já era um nome forte na época. Seu currículo incluía sucessos como Gatinhas e Gatões (1984), Clube dos Cinco (1985) e Mulher Nota 1000 (1985). Com Curtindo a Vida Adoidado, ele mais uma vez capturou a essência do adolescente americano, só que desta vez com uma leveza e irreverência que conquistou o público mundial.
A história é simples e genial: Ferris Bueller (Matthew Broderick), um carismático estudante do ensino médio, decide matar aula para aproveitar um dia de folga em Chicago. Mas Ferris não vai sozinho nessa jornada. Ele arrasta consigo sua namorada, Sloane Peterson (Mia Sara), e seu melhor amigo, Cameron Frye (Alan Ruck), um jovem ansioso e inseguro, que acaba passando por uma espécie de transformação ao longo do dia.
Claro que as coisas não são tão fáceis assim. Para que o plano dê certo, Ferris precisa enganar seus pais superprotetores, escapar da vigilância da irmã Jeanie (Jennifer Grey) que desconfia de tudo e, principalmente, despistar o diretor da escola, Ed Rooney (Jeffrey Jones), determinado a provar que Ferris está matando aula. A dinâmica entre os personagens e as situações absurdas que enfrentam garantem o ritmo acelerado e divertido do filme.
O elenco está afiado. Matthew Broderick entrega uma performance carismática, que virou referência para outros personagens adolescentes da cultura pop. E vale lembrar da participação especial de Charlie Sheen, ainda em início de carreira, como um delinquente que cruza o caminho da irmã de Ferris em uma das cenas mais lembradas do longa.
Uma das marcas registradas do filme é quando Ferris quebra a chamada “quarta parede” e fala diretamente com o público. Esse recurso, incomum na época, deu ainda mais personalidade ao personagem. Anos depois, essa técnica seria usada em filmes como Deadpool (2016), que inclusive presta homenagem direta a Curtindo a Vida Adoidado em sua cena pós-créditos.
Assista:
Outro momento inesquecível é a sequência musical em que Ferris canta “Twist and Shout” dos Beatles em cima de um carro alegórico no meio de uma parada no centro de Chicago. Uma cena que virou símbolo da cultura pop e é constantemente parodiada ou referenciada até hoje. E claro, há também o icônico passeio com a Ferrari do pai de Cameron, que leva a uma das reviravoltas emocionais mais marcantes do filme.
Apesar do tom leve e cômico, Curtindo a Vida Adoidado também trata de temas mais profundos, como pressão familiar, ansiedade, e a necessidade de desacelerar e aproveitar a vida, uma mensagem que segue atual.
Com o passar dos anos, surgiram rumores sobre uma possível sequência. Um roteiro chegou a ser cogitado, mas nunca saiu do papel. Em tempos de nostalgia forte e constantes reboots em Hollywood, não é impossível que Ferris Bueller volte às telas. Mas por enquanto, tudo não passa de especulação.
Se você nunca assistiu Curtindo a Vida Adoidado, está perdendo um clássico que mistura comédia, música, juventude e aquele espírito livre que todos já sentimos um dia. E se já viu, vale rever, até porque como o próprio Ferris diz: “A vida passa muito rápido. Se você não parar de vez em quando para curtir, ela pode passar e você nem notar.”
“Save Ferris”.
NOTA
Repercussão do filme até a data de publicação deste texto:
Curtindo a Vida Adoidado (1986)
IMDB – 7,8/10
https://www.imdb.com/pt/title/tt0091042/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_8_nm_0_in_0_q_curtindo%2520a%2520vida
LETTERBOXD – 3,9/5
https://letterboxd.com/film/ferris-buellers-day-off/
ROTTEN TOMATOES – 83% Crítica / 92% Público
https://www.rottentomatoes.com/m/ferris_buellers_day_off
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